Em tempos de mudanças aceleradas, o economista precisa ir além dos números: é preciso curiosidade intelectual, visão crítica e capacidade de adaptação. No dia 13 de agosto, celebramos o Dia do Economista — uma data que convida a reconhecer o papel estratégico desses profissionais na compreensão e transformação da realidade econômica.
João Vitor Rizzo Devai, da graduação em Economia na FGV EESP, e Sarah Ribeiro Lattouf, do curso de Ciências Econômicas na FGV EPGE, representam uma geração que busca construir uma trajetória com propósito, sem abrir mão da consistência.
Descoberta do propósito
Como você descobriu seu propósito profissional? Houve algum momento decisivo nessa jornada?
João Vitor (FGV EESP): Durante a escola, sempre me interessei tanto por exatas quanto por humanas, e foi isso que me levou a escolher o curso de Economia, que une bem essas duas áreas. Já na faculdade, conheci a FGV Finance, uma entidade estudantil voltada ao mercado financeiro. Por influência de familiares que atuavam nesse setor — pessoas que eu admirava muito — decidi me candidatar. Foi dentro da entidade que descobri meu interesse real por finanças, especialmente pela área de fusões e aquisições, o que direcionou minha trajetória profissional.
Sarah (FGV EPGE): Acredito que venho descobrindo meu propósito profissional dia após dia. Tudo começou ainda na escola, movida pelo interesse em aprofundar meus conhecimentos nas áreas que já despertavam minha curiosidade, como História e Matemática — algo com que muitos que escolheram cursar Economia podem se identificar.
No colégio, um dos meus professores recomendou um podcast sobre geopolítica no qual, entre os participantes, havia um economista. Essa experiência, aliada à minha vontade de gerar um impacto positivo na sociedade, foi moldando minha visão sobre o que queria para o futuro.
Ao longo da graduação, essa motivação só cresceu. Estar no mercado financeiro e estagiar na área de análises econômicas tem me permitido conviver de perto com profissionais já formados, cada um com sua própria visão sobre o que acontece no Brasil e no mundo. Isso tem reforçado meu interesse em compreender a fundo o funcionamento do mundo econômico e seus agentes sociais, sendo, sem dúvida, decisivo na minha jornada. Esse processo despertou em mim um interesse cada vez maior por estudar políticas públicas e maneiras eficientes de analisar instituições existentes, bem como entender como elas impactam o cenário macroeconômico. O desejo de aprofundar esses conhecimentos me instiga diariamente a continuar me desenvolvendo como economista, com a convicção de que posso usar essa formação para impactar positivamente a vida das pessoas.
Quais foram os principais desafios para alinhar seus talentos com seus valores pessoais?
João Vitor (FGV EESP): Sempre considerei a ética como algo essencial. O principal desafio foi crescer profissionalmente mantendo meus princípios, buscando me desenvolver sem passar por cima de ninguém.
Sarah (FGV EPGE): O principal desafio foi entender como alinhar minhas habilidades técnicas aos meus valores. No início da graduação, por exemplo, precisei compreender que todo o ferramental de matemática aprendido nos primeiros semestres é essencial para nos tornarmos melhores economistas. Ao mesmo tempo, percebi que, mesmo em um ambiente altamente analítico e voltado para a racionalidade, é possível desenvolver criatividade e encontrar espaço para expressar minhas próprias características, tornando meu trabalho mais autêntico e alinhado ao que acredito.
Tecnologia e transformação profissional
Como você percebe que a tecnologia está transformando sua área de atuação?
João Vitor (FGV EESP): As atividades mais operacionais estão sendo cada vez mais substituídas por automações e, mais recentemente, por inteligência artificial. Isso tem mudado o perfil dos profissionais demandados no mercado financeiro, valorizando cada vez mais quem tem raciocínio analítico, visão estratégica e capacidade de lidar com tecnologia. Ao mesmo tempo, abre espaço para pessoas com perfis diversos, com habilidades complementares às tradicionais do setor.
Sarah (FGV EPGE): A tecnologia vem transformando, dia após dia, tanto o ambiente acadêmico quanto o profissional. Durante minha iniciação científica, pesquisei como a inteligência artificial pode aumentar a produtividade dos estudos em economia política, mostrando o potencial dessas ferramentas para substituir tarefas manuais e liberar tempo para análises mais profundas. Esse tempo extra permite desenvolver o senso crítico e buscar as motivações econômicas ocultas por trás das ações humanas.
Como estudante, percebo que esse aprofundamento também ajuda a entender que, muitas vezes, a virtude da simplicidade se confunde com aquilo que é barato e, em geral, isso deriva de baixa qualidade — sobretudo no mundo das ideias, como disse Gustavo Franco em um livro voltado a jovens economistas.
Que novas oportunidades surgiram na sua profissão graças às inovações tecnológicas?
João Vitor (FGV EESP): As inovações tecnológicas abriram espaço para novas frentes dentro do mercado financeiro, como análise de dados, automações, investimentos quantitativos e o crescimento das fintechs. Ferramentas como Excel avançado, Python e Power BI se tornaram diferenciais importantes no dia a dia. Além disso, o acesso mais fácil à informação permitiu que mais jovens se preparassem melhor e conquistassem oportunidades mais cedo na carreira.
Sarah (FGV EPGE): Vejo que as inovações tecnológicas abriram um mundo de oportunidades. Hoje, temos acesso a uma quantidade enorme de dados, o que nos permite estudar fenômenos socioeconômicos de formas antes impossíveis, além de estarmos cada vez mais atentos para prever eventos econômicos. Ao mesmo tempo, os novos meios de comunicação ajudam a levar o conhecimento acadêmico a muito mais pessoas, inclusive àquelas que não são da área. Com o auxílio das inteligências artificiais, conseguimos ser muito mais produtivos, tornando o trabalho mais dinâmico e abrindo espaço para a exploração de novas ideias.
Presença digital e posicionamento
De que forma você percebe que é necessário se posicionar no mercado como "influencer" para ser notado?
João Vitor (FGV EESP): Sinceramente, não acho que seja necessário se posicionar como influencer para ser notado, principalmente no mercado financeiro. Ter um bom perfil no LinkedIn pode até ajudar a manter conexões ou mostrar interesses, mas, no fim das contas, o que mais pesa são as entregas no trabalho e a reputação construída no dia a dia.
Sarah (FGV EPGE): Não acredito que seja uma obrigação, mas vejo que pode ser uma estratégia muito útil para economistas que desejam se destacar, ampliar oportunidades e criar conexões com outros profissionais. Além disso, é uma forma de utilizar o conhecimento adquirido para gerar impacto positivo na sociedade, contribuindo para debates mais qualificados e ajudando mais pessoas a entenderem temas econômicos que afetam o dia a dia.
Redes como LinkedIn, Instagram e até o TikTok podem ser grandes aliadas na hora de compartilhar análises, explicar assuntos complexos de forma simples e se tornar uma referência na área — não apenas fortalecendo a própria carreira, mas também fazendo a diferença na vida de quem acompanha esse conteúdo.
Como você equilibra autenticidade e estratégia no seu posicionamento profissional?
João Vitor (FGV EESP): Não penso muito em termos de estratégia. Quando compartilho algo, é porque acho que faz sentido ou pode ser útil para alguém. Tento ser natural e evitar forçar uma presença só por obrigação. No meu caso, prefiro focar em aprender e fazer um bom trabalho, porque acredito que isso acaba falando por si.
Sarah (FGV EPGE): Acredito fortemente que a autenticidade nasce da confiança em nossos próprios conhecimentos, o que inclui reconhecer tanto nossos pontos fortes quanto nossas limitações. Assim, ser autêntico também é uma estratégia: consiste em potencializar as aptidões que já possuímos e aplicá-las de forma consistente no ambiente profissional. Esse processo se conecta diretamente às redes de relacionamento e apoio que construímos ao longo da carreira, as quais têm o potencial de ampliar nossas perspectivas e gerar novas oportunidades. Como economistas, sabemos que a boa retórica é uma habilidade essencial. Por isso, equilibrar autenticidade e estratégia significa, em grande parte, transformar em prática aquilo que aprendemos na sala de aula e adaptá-lo aos desafios do mundo real.
Dicas para futuros profissionais
Que dicas você daria para novos estudantes sobre como construir uma carreira alinhada com propósito?
João Vitor (FGV EESP): Testar diferentes experiências no começo é importante para entender o que faz sentido para você, mas, no fim, o mais essencial é manter a ética, a cabeça erguida e a dedicação. As oportunidades vão surgindo com o tempo, mas construir uma trajetória sólida depende de como você age no dia a dia, independentemente do caminho que escolher.
Quais habilidades você acredita que serão indispensáveis para os profissionais do futuro na sua área?
João Vitor (EESP): Na área financeira, habilidades técnicas continuam sendo muito importantes, mas saber trabalhar bem em equipe, comunicar-se com clareza e ter curiosidade para aprender coisas novas fazem bastante diferença. Cada vez mais, quem sabe unir conhecimento técnico com pensamento crítico e adaptabilidade sai na frente.
As jornadas de João Vitor e Sarah são mesmo inspiradoras. Se você tem interesse em Economia e quer transformar em impacto, que tal conhecer a graduação da FGV EPGE e FGV EESP e descobrir como construir uma carreira com propósito?
Confira também as outras datas do Dia das Profissões: