Quando se é criança, não há limites para a imaginação, e desenhar o futuro é sempre uma brincadeira divertida. Desde cedo, sonhamos em ser astronautas, cientistas, atletas profissionais, professores, bombeiros, advogadas e muito mais. Para manter vivos esses sonhos e garantir que tenham força, é fundamental ter referências e se enxergar em diferentes espaços.
Economista, doutora em Ciência Política e diretora!
Destacar figuras femininas é essencial, sobretudo em profissões tradicionalmente dominadas por homens. Lilian Furquim, diretora da Escola de Economia de São Paulo, a FGV EESP, é um exemplo de quebra de estereótipos de gênero. Se você sonha em ser Economista e alcançar grandes feitos, é hora de conhecer mulheres que encorajam a diversidade. Vamos lá?
Desde a infância até a escolha da profissão, ela nunca se sentiu impedida de fazer algo. Isso não quer dizer que tenha sido fácil. Afinal, de acordo com pesquisas, apesar de as mulheres representarem a maioria das matrículas no ensino superior e terem mais anos de escolaridade, a presença em cargos de liderança ainda é limitada, com apenas 29% desses postos ocupados por elas. Com base no Índice Global de Desigualdade de Gênero do Fórum Econômico Mundial, a situação das mulheres no mercado de trabalho ainda é desigual. O Brasil, por exemplo, está em 57º lugar nesse índice, destacando-se pela disparidade em oportunidades econômicas e acesso à educação.
O trabalho invisível e novos caminhos traçados
A sobrecarga feminina sempre esteve presente na história de Lilian. Quando pequena, observava o foco no trabalho doméstico feito pelas mulheres da família, responsáveis pelo cuidado daqueles que estavam nascendo e daqueles que estavam envelhecendo. Ela não entendia muito bem esse formato e acreditava que era o “dever” das mulheres cuidarem dos mais jovens e dos mais velhos. Sobre as figuras femininas da sua vida, ela reflete:
“Elas poderiam ter sido excelentes profissionais, mas elas se dedicaram, exclusivamente, ao cuidado. Por outro lado, eu valorizo muito esse cuidado, quem se dedica a isso, quem prepara as nossas refeições, quem cuida da gente, quem deixa a casa em ordem. Esse trabalho, que é o trabalho invisível, que é tão importante, e que sem ele aquelas pessoas que querem trabalhar fora de casa não podem prescindir”.
Seguindo um caminho diferente do campo do cuidado, Lilian foi além. Graduou-se em Economia, tornou-se Mestre em Economia e Doutora em Ciência Política. Mas o seu currículo não parou por aí. Ela também é especialista em Problem Based Learning e trabalhou na Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, como assessora do Secretário, no projeto de modernização dos serviços públicos, o Governo Eletrônico. E, antes mesmo de se tornar diretora, teve uma grande participação na criação da FGV EESP, sendo vice-diretora da instituição. Hoje, é ela quem comanda a Escola!
Diversidade na FGV EESP
Lilian acredita que ainda há um longo percurso para reduzir a desigualdade entre os gêneros e discutir sobre essa área do cuidado é apenas um dos passos. Mas o que separa a diretora da FGV EESP de tantas mulheres que ainda não chegaram a um cargo de liderança? Oportunidade. Para Lilian, as mulheres não precisam mais provar suas habilidades para ocupar lugares importantes no mundo profissional. Por isso, um dos objetivos da Escola é aumentar a diversidade no curso de Graduação em Economia.
“É parte da nossa missão, dizer para as mulheres, para as jovens do ensino do colegial que há uma profissão que ela também pode ocupar cargos importantes e tem atividades interessantíssimas que a ciência econômica oferece. Então, o trabalho que a gente faz é divulgar o curso, buscando que essas jovens olhem para a Ciência Econômica como uma profissão, como uma carreira a ser seguida.”
FGV EESP para Elas
Sem dúvidas, formação e habilidades não faltam nas mulheres, mas é preciso impulsioná-las a, de fato, se candidatarem e se colocarem em posições claras de querer ocupar esses cargos.
“Precisamos mudar um perfil nosso de, primeiro, ter todas as habilidades necessárias, e depois nos candidatarmos. Outro estudo mostra que os homens, em geral, mesmo não tendo todas as habilidades, eles se candidatam. Então, a gente precisa ser mais assertiva nesse sentido. As mulheres podem, elas não precisam provar mais nada.”
Em sintonia com esse cenário, a FGV EESP possui o grupo “EESP para Elas” para contribuir com essa vivência da graduação e pós-graduação, com a participação de professoras, alunas e ex-alunas. O objetivo é proporcionar mentorias, encontros com economistas e rodas de conversa para auxiliar nos desafios dessa formação. Uma rede de apoio feita por mulheres para impulsionar outras mulheres! Afinal, dados globais mostram que ainda há poucas ocupando espaços nos serviços financeiros.
“Um outro aspecto é trazer para a escola mulheres liderando iniciativas que são muito importantes para os próximos anos. Eu estou muito feliz com uma das iniciativas que a gente criou aqui na escola, de ter um Centro de Pesquisa na área de clima, que é liderado por mulheres. Então, isso é bastante relevante. Empoderar as mulheres em qualquer tema. Elas podem falar sobre qualquer tema. Isso, para mim, como mulher, é muito relevante. Vê-las liderando, se sentindo absolutamente à vontade de poder ter um projeto, falar sobre esse projeto, buscar recursos, liderar um grupo, um time.”
Uma por todas, e todas por uma!
Para Lilian, é importante que mulheres que já chegaram a lugares de liderança levem outras junto:
“Se foi mais difícil em nosso caso, a gente consegue trazer mais mulheres e dizer que não há mais nada que a gente precise provar em termos de habilidade, formação, competência. Nós temos que aparecer na frente, se destacar, ser protagonista. Levantar um pouco o assunto, a voz e dizer: eu quero assumir postos de liderança. Eu sou uma candidata, eu tenho as credenciais, a competência para isso. Isso é fundamental.”
Segundo o relatório do World Economic Forum, podemos demorar mais de 100 anos para diminuir essa desigualdade de gênero. É preciso acelerar esse processo. Por isso, Lilian é muito otimista com a Geração Z. Ela acredita que os jovens, por ter uma visão de mundo diferente, contribuem para acelerar essa redução, que não pode ser um obstáculo para que mulheres alcancem seus sonhos e projetos.
Para as futuras economistas, Lilian ressalta que não há nenhum lugar que elas não possam ocupar. Seus projetos, seus sonhos e propósitos não podem ser interrompidos por questões de gênero:
“Eu estou muito feliz de ter sido escolhida como diretora da Escola de Economia de São Paulo e entendo que um dos meus papéis é auxiliar também a termos mais mulheres nas ciências econômicas, em geral, nos diferentes postos, seja na educação, seja no mercado de trabalho. Não se preocupem, com vontade e oportunidades, vocês são capazes de fazer o que vocês quiserem.”
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