Você sabia que existe um caminho inicial que você, graduando(a), pode percorrer no universo acadêmico? Já ouviu falar em Iniciação Científica? Um programa que pode ser uma porta de entrada para o mundo da pesquisa científica. Ele é voltado para estudantes de graduação e visa proporcionar uma formação complementar, desenvolvendo habilidades de investigação, pensamento crítico e metodologia científica.
Os bolsistas PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) Tatiana Lage e Paulo Henrique da Silva com os projetos "Tecnologias digitais e dados abertos para coleções históricas e de patrimônio cultural" e "A Escola no Acervo: Visitas escolares presenciais e a função social e educativa do arquivo" deram detalhes de como funciona a iniciação científica no FGV CPDOC.
A Iniciação Científica oferece aos alunos a oportunidade de participar de projetos de pesquisa orientados por professores ou pesquisadores experientes, geralmente vinculados a universidades ou institutos de pesquisa. E o melhor de tudo é que o programa oferece bolsas para que os alunos possam se dedicar integralmente aos projetos, sob a orientação de professores.
O nosso foco hoje será nas Ciências Sociais, uma área que oferece uma oportunidade valiosa para os estudantes de graduação se envolverem com a pesquisa acadêmica desde os primeiros anos de sua formação. Participar da Iniciação Científica na área permite que os alunos desenvolvam habilidades de investigação, análise crítica e metodológica, além de contribuir diretamente para a produção de conhecimento na área.
Além disso, o programa também proporciona uma visão mais ampla e crítica da sociedade, ajudando os estudantes a compreenderem melhor as dinâmicas sociais, políticas e culturais. Isso é fundamental para a formação de profissionais mais conscientes e engajados com as questões sociais.
Portanto, se você é estudante de graduação e tem interesse em se envolver com a pesquisa científica, não deixe de considerar a oportunidade oferecida pela Iniciação Científica. É uma experiência enriquecedora que pode abrir portas para a sua carreira acadêmica e profissional.
E para os professores e pesquisadores, incentivar a participação dos alunos na IC é uma forma de contribuir para a formação de futuros profissionais qualificados e engajados com a produção de conhecimento em suas áreas de atuação.
Veja abaixo as dúvidas mais comuns sobre a Iniciação Científica.
Qual a duração?
São 12 meses de duração, começando geralmente em setembro de cada ano. A carga horária semanal é de até 20 horas. É possível participar por até 24 meses no mesmo projeto, como foi o caso dos alunos. A continuidade no projeto permite um desenvolvimento mais profundo das pesquisas e resultados mais consistentes.
Como é a Iniciação Científica no FGV CPDOC?
A Iniciação Científica no FGV CPDOC é uma experiência que combina pesquisa acadêmica com formação interdisciplinar, focando nas áreas de Ciências Sociais, História e Bens Culturais. Os alunos são integrados em laboratórios de pesquisa ou em projetos específicos e participam de atividades relacionadas aos temas da sua pesquisa. Além da pesquisa, há incentivo para os alunos apresentarem os resultados em eventos, produções multimídia ou publicações acadêmicas.
Ocorre como uma espécie de atividade de extensão, com realização concomitante às aulas da graduação. A carga horária mínima de dedicação pode ser cumprida de maneira presencial ou remota, a depender do projeto de pesquisa e do(a) professor(a) orientador(a). Como o curso insere o estudante no universo da pesquisa acadêmica já nas disciplinas obrigatórias e nas oficinas de Pesquisa Social Aplicada (que abrangem as mais diversas temáticas), a experiência com a iniciação científica fica mais fluida.
Como funciona o processo seletivo?
Abertura de um edital interno do FGV CPDOC;
Envio de um projeto de pesquisa, currículo e histórico acadêmico;
Carta de motivação;
Entrevista com o orientador do projeto.
E após a aprovação?
Início da orientação por um professor/pesquisador que supervisiona todo o processo de pesquisa. A orientação é essencial para o desenvolvimento do projeto, e ao longo do período você deve entregar relatórios. Ao longo da jornada, são acertadas a dimensão de atuação enquanto pesquisador e os prazos de entrega de relatórios em comum acordo.
O que acontece no final do projeto?
Deve-se apresentar os resultados na Jornada Interna de Iniciação Científica.
Leia abaixo a entrevista completa com os alunos.
Por quais motivos você optou por ser bolsista PIBIC?
Tatiana Lage - Escolhi ser bolsista PIBIC principalmente pelo desenvolvimento acadêmico, para aprimorar minhas habilidades de pesquisa e participar de projetos acadêmicos que envolvem a aplicação de métodos quantitativos e qualitativos. A possibilidade de trabalhar com interoperabilidade de dados e tecnologias digitais aplicadas a acervos históricos me atraiu muito. Foi uma excelente oportunidade para unir minha formação em Ciências Sociais com minha experiência em Ciência de Dados de forma prática e considero que foi uma decisão estratégica para a minha formação acadêmica e profissional. Tive a oportunidade de trabalhar com orientadores excepcionais, como as professoras Juliana Marques e Suemi Higuchi e o professor Renato Souza, que sempre me inspiraram com suas visões inovadoras e contribuições para o enriquecimento da minha formação. Ao lado deles, desenvolvi uma compreensão profunda sobre o valor das tecnologias digitais e da interoperabilidade de acervos no contexto de coleções históricas e de patrimônio cultural.
Paulo Henrique - A minha escolha por ser bolsista de iniciação científica foi pautada em três vertentes: gosto pelo exercício acadêmico e pelo tema do projeto, aquisição de experiência e permanência estudantil. Eu já havia participado de projetos de pesquisa durante o ensino médio e sempre gostei de investigar e descobrir coisas novas e, além disso, a Educação é o tema que me move enquanto pesquisador, é a minha paixão; por isso, decidi por dar seguimento à jornada de pesquisador, agora na graduação, com um projeto que tinha como eixo central uma temática tão importante para mim. Também, a minha participação como bolsista se deu para a aquisição de experiência, visando o aperfeiçoamento do meu currículo acadêmico e profissional, pois este tipo de atividade tem peso importante em processos seletivos de estágio e pós-graduação. Por fim, o recebimento de um retorno financeiro do CNPq e auxílio-alimentação do CPDOC (a Escola de Ciências Sociais da FGV oferece por conta própria auxílio-alimentação para seus alunos bolsistas de iniciação científica) são importantes mecanismos de garantia da permanência estudantil, que me motivaram a atuar como pesquisador de iniciação científica.
Fale mais sobre o seu projeto "Tecnologias digitais e dados abertos para coleções históricas e de patrimônio cultural".
Tatiana Lage - No primeiro ano do projeto, o objetivo central foi investigar o estado da arte dos sistemas de gestão e difusão de acervos digitais. Seguindo os princípios do Design Thinking, o projeto envolveu entender os problemas, observar casos, definir objetivos iniciais, idealizar e vislumbrar soluções, focando em temas como dados abertos, interoperabilidade e web semântica para a preservação e disseminação de acervos digitais e para o compartilhamento de patrimônio cultural.
No segundo ano do projeto, implementamos práticas de interoperabilidade entre o acervo do CPDOC (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil) e o Rossio, uma infraestrutura digital dedicada à disponibilização de recursos culturais e históricos de Portugal. Desenvolvemos uma tabela de equivalência de metadados, utilizando o padrão Dublin Core, realizamos testes e, por fim, realizei a seleção e manipulação de recursos digitais relacionados a Portugal provenientes do acervo CPDOC através de um notebook em Python. Minha contribuição envolveu desde a análise dos metadados até a adaptação desses dados aos padrões internacionais para facilitar a troca e a padronização das informações. O notebook permitiu a extração precisa dos dados, a limpeza e a organização dos recursos do CPDOC que foram enviados para o Rossio.
O projeto forneceu uma valiosa contribuição para o intercâmbio acadêmico e cultural entre o CPDOC e o Rossio, promovendo uma troca enriquecedora de recursos e conhecimentos entre as plataformas e produzindo avanços na disseminação de acervos digitais.
Existem três modalidades de Iniciação Científica no CPDOC, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), destinado a estudantes de graduação da FGV, com bolsas financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela FGV; o Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica (PIVIC), voltado para estudantes de graduação de todo o Brasil, sem concessão de bolsas, que promove o intercâmbio acadêmico e a participação remota em projetos do CPDOC; e o Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica Júnior (PIVIC Jr.), destinado a estudantes do ensino médio, também sem bolsas, para informar sobre carreiras nas áreas de História e Ciências Sociais e integrá-los remotamente às atividades de pesquisa.
Paulo Henrique - O projeto que participei visava analisar qualitativamente o desenvolvimento e os resultados da iniciativa de educação patrimonial do FGV CPDOC, que consiste na realização de visitas escolares presenciais à Casa Acervo. As conclusões levantadas apontaram para interpretações sobre diversidade e inclusão no processo educativo, impactos da pandemia na educação, desigualdades sociais e desafios para a garantia da cidadania e dos direitos à cidade e à cultura por grupos sociais marginalizados. Integrar a equipe do 'Escola no Acervo' foi uma oportunidade única, transformadora e vibrante. Sou apaixonado pelo universo educacional, então ter a chance de participar de um projeto de iniciação científica que une educação e ciências sociais me transbordou gratidão. Foi muito empolgante ser o 'professor', o 'tio, ou o 'moço que trabalha aqui' enquanto prestava apoio às visitas estudantis. Em cada visita escolar realizada, descobria um novo mundo de oportunidades para aprender com os estudantes e professores.
Para saber mais sobre o universo das Ciências Socias confira aqui o site do FGV CPDOC.