“Sou um cara que veio da favela e desistiu do curso de contabilidade na Estadual do Rio de Janeiro. Eu morava na Vila Autódromo, que foi desocupada para a construção do Parque Olímpico em 2016. A partir dali eu decidi que queria buscar algo melhor pra mim para que isso não voltasse a acontecer comigo”, disse Pedro Berto.
Com o propósito claro de quebrar o ciclo de pobreza e ser uma referência para outras pessoas, Pedro Berto inicia uma empresa promissora que conecta influenciadores com empresas após uma carreira consolidada no mercado de investimentos.
Atualmente trabalhando com investimento, como co-fundador de uma gestora de media for equity é aluno de mestrado da Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP) e construiu a sua história a partir de experiências proporcionadas pela Fundação. “A FGV me ajudou a realizar sonhos e fui para vários lugares vivenciar culturas diferentes”, comentou.
Confira a entrevista completa abaixo.
Qual a sua história com a FGV?
Consegui entrar na graduação de Administração Pública da FGV EAESP com 26 anos e bastante focado no que eu queria fazer dentro da Fundação para alavancar meu crescimento e potencializar minhas habilidades. Decidi aproveitar todas as oportunidades que o ambiente me proporcionava. Fiz dois intercâmbios, trabalho voluntário, atividades e projetos específicos. A FGV tem muitas possibilidades e o que eu chamo de meritocracia justa, pois todos têm as mesmas chances de realmente crescer, independentemente de quem são. A meritocracia injusta é onde a maioria da sociedade está enquadrada. Um ambiente onde todo mundo diz que você pode crescer, mas obviamente a gente sabe que existem diferenças entre homens e mulheres, pessoas negras e brancas etc. Na FGV era muito mais fácil alcançar o que eu queria.
No fim da graduação eu era o aluno da turma que ganhava o maior salário. Para quem vem de onde eu vim, é uma grande vitória. Depois de um tempo decidi entrar para o Mestrado Profissional em Gestão e Políticas Públicas. A FGV me ajudou a realizar sonhos e fui para vários lugares vivenciar culturas diferentes, inclusive um outro intercâmbio no Mestrado, em que fui para a London Business School (LBS). Depois de alguns intercâmbios, você percebe que existe um padrão internacional e que a FGV está dentro desse padrão e todas as universidades estão niveladas em estrutura, creditações, qualidade dos professores e das aulas.
Qual seu propósito e inspiração de vida?
Tornar-me uma referência e quebrar ciclos de pobreza. Para ser referência você precisa ser uma pessoa que já construiu grandes coisas, que consegue fazer a roda girar. Uma coisa muito importante é gerar valor dentro desse processo todo e criar receita onde ninguém imagina. Tem muitas formas de conseguir alavancar uma população específica como pessoas negras, por exemplo. É possível fazer isso dentro do Congresso Nacional, dentro do Executivo. Mas você também pode fazer isso sendo referência. Acontece muito nos EUA e tem começado no Brasil, pessoas sendo referência no futebol e outros esportes. Eu quero ser essa referência no empreendedorismo, no mundo dos negócios e investimentos que é um espaço que não tem tantos pretos quanto a gente gostaria. E isso está conectado com a quebra do ciclo de pobreza, além da relação direta com tudo que eu estudei em administração pública na graduação da FGV e tenho estudado em gestão de políticas públicas no mestrado também. Eu já vi muito disso estudando tecnologia na Universidade de Tsinghua, na China, que tive a oportunidade de visitar enquanto estudava na FGV, assim como meus estudos em negócios na LBS. No fim do dia, os pontos se conectam muito bem pra mim. A FGV sempre participou dessa trajetória comigo.
Qual a sua área de atuação hoje?
Com todas as minhas experiências internacionais, eu decidi trabalhar com fundos que só investem em tecnologia e em modelos de negócios disruptivos. Agora estou trabalhando com investimento, sou co-fundador de uma gestora de media for equity. O que as pessoas mais fazem tradicionalmente é trabalhar investindo dinheiro e o que eu faço é investir tempo. Eu conecto empresas com influenciadores que já são referências no nicho envolvido. E esses influenciadores vão adquirir uma porção da empresa em troca de divulgação. Então eles serão sócios de divulgação na parte de marketing e obviamente que, quanto mais vendas, melhor o retorno. Quanto mais a empresa crescer, mais os influenciadores vão ganhar futuramente. Então o propósito da nossa gestora é conectar influenciadores em companhias para que essas companhias tenham um crescimento sustentável e maior. Eu vejo que o marketing de influência é uma coisa muito forte hoje em dia e que veio para ficar. Os influenciadores têm um papel muito mais de concierge, eles já fazem essa curadoria de conteúdo porque há um bombardeio de informação toda hora e quem consegue transmitir uma visão, avaliação e indicação muito mais certeira, sai ganhando. A gente faz um background checking para ver a reputação do influenciador, pois é muito fácil ser cancelado nesse meio, e assim temos a certeza de que a empresa e o influenciador têm integridade para continuar no negócio.
Qual o papel da diversidade nas empresas hoje?
Não faz sentido você não ter um time diverso. Não faz sentido você não olhar de forma mais multicultural para as coisas porque o mercado é gigante. Existe um potencial enorme no mercado de pele negra para uma empresa de skin care ou de cosméticos. Mas para que você atinja esse potencial de fato, tem que ter um time diverso que pensa diferente em todas essas possibilidades. Com esse time é possível prevenir possíveis problemas que a empresa possa ter. Mulheres vão pensar em casos de segurança pessoal, assim como pessoas negras vão pensar em casos de discriminação no ambiente de trabalho, e a empresa consegue prever riscos e prejuízos e se preparar antecipadamente na solução dos problemas.
Podemos mudar esses processos colocando gente que passa por esses problemas para tocarem essas iniciativas. Você implementar as políticas de ações afirmativas dentro dos concursos públicos e também dentro dos vestibulares consegue fazer com que mais pessoas pretas, mulheres e pessoas de baixa renda consigam se formar em boas universidades e ter acesso a uma educação, capacitação de qualidade para poder galgar espaços mais seletivos, se apropriando desses espaços de forma empoderada. Assim, elas conseguem trazer um pouco da vivência delas para dentro desses espaços. Não é um processo simples, demanda tempo, acontece de geração em geração.
Quebrar ciclos de pobreza: um propósito de vida
Pedro Berto tem diversas atividades sociais que complementam seu propósito de vida, como o Favela Summit, que tem como objetivo quebrar ciclos de pobreza e teve sua primeira edição foi no auditório da FGV, no Rio de Janeiro. A iniciativa foi um complemento do projeto Favela sem Corona, que levava teste de covid para as pessoas nas favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia, em um momento que o governo não estava aplicando testes. Hoje, o projeto busca quebrar ciclos de pobreza com jovens através de capacitação e empregabilidade, oferecendo cursos técnicos de tecnologia.
Como sua pesquisa de mestrado, ele está observando políticas públicas com Venture Capital focado no papel do BID Lab, o laboratório do Banco Interamericano de Desenvolvimento, em sua parte que investe em fundos de venture capital, um Found of founds, e como isso potencializa o crescimento da América como um todo, especialmente o Brasil.
O Mestrado Profissional em Gestão e Políticas Públicas possui a opção de internacionalização com Universidades parceiras além da London Business School, como Sciences-Po (Paris), Hertie School of Governance (Berlim), Graduate School of Public Policies (Tóquio), LBJ School of Government (Austin) e Centro de Investigación y Docencia Economica (México). Além disso, é possível fazer o duplo diploma com IDS (Institute of Development Studies da University de Sussex - Inglaterra), Columbia (Nova York - EUA) e Bocconi University (Milão - Itália).
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